O mercado de usados é um dos poucos segmentos que não sofreram grandes impactos com a pandemia. Quem não quer comprar um, quer vender. E alternativas não faltam — você pode anunciar seu carro por conta própria ou usá-lo como entrada para a compra de outro. Entre as opções, é preciso levar em conta dois principais pontos: praticidade e preço. Existem métodos que são mais fáceis para quem quer vender e outros que garantem melhor retorno financeiro. Juntar os dois nem sempre é fácil.
Vender para uma concessionária ou deixar lá para vender?
Nesses casos, em vez de levar outro carro, você fica com o dinheiro na mão na hora da venda. Mas pode ser que você prefira esperar sentado: dependendo do veículo, ele pode ficar meses parado em uma concessionária. E, apesar da mesma facilidade de documentação e do “guarda-chuva” jurídico, a desvalorização pode chegar até a 30%.
Mas César Moura, da Assobrav, diz que as concessionárias de todas as marcas abriram os olhos para esse negócio e buscam meios cada vez mais eficientes de oferecer o melhor preço para o cliente. “Para revenda, a melhor operação é a que atende ao cliente e ao nicho de mercado. Para mim, não importa — eu quero ter você como cliente e quero poder atendê-lo em todas as oportunidades de negócio. A operação melhor para a concessionária é aquela por meio da qual eu consiga atender o cliente com tudo que puder oferecer.”
Vender para particular
Anunciar por conta própria pode garantir um preço melhor, como afirma o professor de finanças da FGV-EAESP, Fabio Gallo. Ter maior margem para negociar o preço é uma das vantagens que tornam o anúncio em classificados tão interessante. “A grande preocupação das pessoas antigamente era pegar um carro detonado nesses anúncios pela internet. Mas o mercado está diferente, [antes] não existia uma grande diversidade de modelos. Quem entrega o carro usado hoje, entrega um seminovo”, destaca Gallo.
A OLX Brasil fez um levantamento que indica que 63% dos veículos anunciados estão nas suas plataformas. A empresa chega a vender 3,4 carros por minuto. Algumas montadoras, como Chevrolet e BMW, já anunciam no Mercado Livre, outra plataforma bastante utilizada. Entretanto, ainda existe um medo geral de encontrar com um estranho, fazer uma transação bancária e entregar documentos.
Pensando nisso, Diego Fischer criou a startup Carupi, que busca unir o melhor das concessionárias com a venda por conta própria. A empresa entrou de cabeça no segmento de usados e cresceu oito vezes durante a pandemia. Esqueça que é preciso tirar fotos do carro para anunciar: a Carupi leva um fotógrafo profissional para tirar as fotos na sua casa e prepara o anúncio. Um analista de sucesso divulga o veículo com o preço desejado pelo cliente e filtra possíveis compradores. Dá até para agendar um test drive com seguro pago pela Carupi.
A partir daí, a startup cuida de toda a documentação e exige apenas um visto do vendedor, ciente das transações e dos procedimentos. “É só aí que o vendedor paga uma comissão de aproximadamente R$ 3 mil. Até então, todos os serviços são gratuitos. Por um carro cotado a R$ 40 mil, chegamos a pagar até R$ 36.500, enquanto numa loja você receberia R$ 30 mil”, afirma Diego Fischer, CEO da Carupi. Pode ser uma maneira de evitar os riscos de uma transação particular.
Dar como entrada
Muitas concessionárias já vendem um 0 Km oferecendo a compra futura como usado para completar o valor do próximo veículo. “Hoje em dia, 70% das pessoas que compram um carro novo se desfazem de outro”, afirma César Moura, presidente Associação Brasileira dos Distribuidores Volkswagen (Assobrav).
A modalidade de troca de chaves é mais interessante para quem não pode ficar sem o carro como meio de transporte, já que o usado só é entregue quando o novo chega. Além disso, é uma operação mais segura para quem vai vender, como ressalta César Moura. “Qualquer problema, você tem um guarda-chuva econômico, do nome da concessionária; ela está representando a montadora”, diz ele.
Esse negócio é bom do ponto de vista da loja também: ela tem um cliente por toda a vida útil do carro. Não apenas na hora de compra do novo e venda do usado, mas durante o uso, oferecendo serviços de revisão programada e outros.
Apesar de muito segura, essa modalidade de venda pode não ser a mais rentável, como explica o professor de finanças da FEA, Rafael Paschoarelli. “A operação acaba ficando nebulosa, você não sabe exatamente para onde vai o desconto, se na compra do carro novo ou na valorização do usado. Em geral, pode ocorrer um deságio [depreciação financeira] muito grande quando isso acontece”, comenta.
O que ocorre é que, em geral, as concessionárias podem ter um bônus de desconto no carro, isto é, o quanto é possível descontar do valor total do veículo e ainda assim ter lucro. Então, mesmo quando o anúncio diz “pagamos tabela Fipe”, não é como se estivesse valorizando o preço do usado, mas consumindo esse “bônus”.
Fonte: https://autoesporte.globo.com/carros/carros-usados/noticia/2021/02/o-que-vale-mais-a-pena-vender-o-carro-usado-para-particular-para-loja-ou-deixar-em-consignacao.ghtml
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